19 outubro 2010

Domingo(2ªParte) - Toy "Chama o antónio"

Ah! Pois é...

Existem dias, em que nada acontece. Mas, também existem dias, onde tudo acontece. Foi o caso de Domingo passado.

Estava eu, no bar a beber o café da manhã. O bar fica na sala de convívio/espera. Aqui os idosos passam a maior parte do seu tempo. A dada altura, começo a ouvir a D. Rosa a gemer de dores.

A D. Rosa é uma senhora muito surda. A idade deve rondar os 85/86 anos. A senhora adora jogar às cartas. É uma batoteira do caneco... Faz tudo para ganhar...
É uma pessoa muito dona do seu nariz e muito autoritária. Deve ter tido uma vida muito dificil no Canadá(emigrante durante muitos anos). Tem 5 filhos, todos se queixam da sua dureza e avareza. A única filha, visita a mãe uma a duas vezes por ano. E, não a consegue perdoar, pela falta de carinho/amor...
Só um dos filhos, é que a visita com maior regularidade. Uma vez a cada dois/três meses.

A D. Rosa implicava com todas as colegas de quarto. Tudo tinha que estar à sua vontade. Não é uma pessoa muito popular...

Faz hoje 8 dias, a senhora deu uma queda da cama. Resultou uma costela partida, mais a perna direita(já partiu esta perna, ao longo da vida, umas quatro vezes).
Foi para o hospital e regrssou ao lar, numa cadeira de rodas.

Os dias desta senhora, são passados na cadeira de rodas, ou na cama. Pois, já ninguém consegue suportar a "ladainha" da senhora: "Meu Deus! Deixa-me morrer". Quando um idoso ou funcionária passa mais junto dela, lá diz: - "Perdoe-me todo o mal que lhe fiz".

Consciência pesada! É tramada com um grande F

Estava eu acabar de beber o meu cafezito, quando aparece uma outra funcionária, muito ofegante a gritar: - Chamem o António... A D. Beatriz está a morrer. Telefonem ao rapaz...

No lar, é só gajas como auxiliares. Acho que só existe um gajo no turno da noite. Confesso que tenho alguma dificuldade em saber o nome delas todas. Lá sei um ou dois, de resto, só quando este está escarrapachado na bata de serviço(farda mesmo).
Pergunto às colegas que estão no bar a beber o café da manhã, assim como eu:

Francisco: - Quem é o António?

D.Irene: - É o nosso anjo...

Funcionária A: - É um anjinho(igual a parvinho), isso é o que ele é...

Francisco: - Então?

Funcionária A: - Então o gajo, já foi apanhado com droga pela segunda vez...

Funcionária B: - Nada disso, foi apanhado sem carta...

Funcionária C: - Andou a chamar nomes às vizinhas...

Surge de repente a D. Lucinda, com um ar de zangada mesmo. Creio que se ela pudesse, batia-nos a todos ali mesmo, e diz:

D. Lucinda: - O rapaz foi tramado pelas vizinhas por causa da casa onde vive. São umas malvadas sem coração. Um dia, irão estar elas como está aquela pobre coitada a pedir-lhe perdão. Nesse dia, certamente, já cá não estarei. Mas vou lá estar em cima a ver tudo... Malvadas sem coração...

Factos: - O rapaz foi a tribunal e foi condenado. 4 opiniões tão diferentes e qual está certa?

2 comentários:

João Roque disse...

Se calhar nenhuma...
Ele há tantos "Antónios" por aí. E por todos esses motivos.

Francisco disse...

É bem verdade...

A mais aproximada é a última

Abraço